Flor de Pedra


Sou rasteira
nasci entre as pedras deste lugar
entre as dunas macias e peladas
com o cheiro do mar

Sou filha desse azul iluminado
adornado pelas águas salgadas
que batem com fervor nos paredões da noite
expurgando os efeitos medonhos do sol do dia

Não necessito de muito para me revelar
a simplicidade do chão áspero a meu redor finca as minhas raízes
a água que escorre com o orvalho da noite me mata a sede
os galhos poeirentos do jardim me protegem dos ventos fortes
o ar dunoso, salgado, me faz as ramas firmes

Tenho uma aparência singela
amarela, sou comum entre tantas que crescem entre os arbustos
mas estou apenas em lugares especiais
vivo nos orifícios, nos pequenos lugares com brecha de sol
Sou arredondada e pequena,
para alguns linda, para outros sem graça, inofensiva
por isso me perpetuo feito erva daninha